segunda-feira, 20 de maio de 2013

Algumas Palavras



Bom Dia,

Hoje pouco a dizer.  Gratidão palavra tão pouco utilizada em nosso vocabulário diário.   Certamente temos muito mais a agradecer do que a pedir.   Abaixo lindo poema que ilustra com delicadeza de detalhes e nos serve de estimulo para seguirmos sempre buscando o nosso melhor.

Boa semana prá todos nós.
Cida Lourenção.


Prece da Gratidão
Amélia Rodrigues

Muito obrigado Senhor!
Muito obrigado pelo que me deste.
Muito obrigado pelo que me dás.

Obrigado pelo pão, pela vida, pelo ar, pela paz.
Muito obrigado pela beleza que os meus olhos veem no altar da natureza.
Olhos que fitam o céu, a terra e o mar.
Que acompanham a ave ligeira que corre fagueira pelo céu de anil.
E se detém na terra verde, salpicada de flores em tonalidades mil.

Muito obrigado Senhor!  Porque eu posso ver meu amor.
Mas diante da minha visão. Eu detecto cegos guiando na escuridão.
Que tropeçam na multidão. Que choram na solidão..

Por eles eu oro e a ti imploro comiseração.
Porque eu sei que depois desta lida, na outra vida, eles também enxergarão!

Muito obrigado Senhor!
Pelos ouvidos meus que me foram dados por Deus.
Ouvidos que ouvem o tamborilar da chuva no telheiro.
A melodia do vento nos ramos do olmeiro.
As lágrimas que vertem os olhos do mundo inteiro!

Ouvidos que ouvem a música do povo que desce do morro na praça a cantar.
A melodia dos imortais, que se houve uma vez e ninguém a esquece nunca mais!
A voz melodiosa, canora, melancólica do boiadeiro.
E a dor que geme e que chora no coração do mundo inteiro!

Pela minha alegria de ouvir, pelos surdos, eu te quero pedir.
Porque eu sei Que depois desta dor, no teu reino de amor, voltarão a sentir!

Obrigado pela minha voz. Mas também pela sua voz.
Pela voz que canta, que ama, que ensina, que alfabetiza, que trauteia uma canção
E que o Teu nome profere com sentida emoção!

Diante da minha melodia
Eu quero rogar pelos que sofrem de afazia.
Eles não cantam de noite, eles não falam de dia.
Oro por eles Porque eu sei, que depois desta prova, na vida nova, eles cantarão!


Obrigado Senhor!
Pelas minhas mãos
Mas também pelas mãos que aram, que semeiam, que agasalham.
Mãos de ternura que libertam da amargura
Mãos que apertam mãos, de caridade, de solidariedade
Mãos dos adeuses, que ficam feridas
Que enxugam lágrimas e dores sofridas!

Pelas mãos de sinfonias, de poesias, de cirurgias, de psicografias!
Pelas mãos que atendem a velhice
A dor
O desamor!
Pelas mãos que no seio embalam o corpo de um filho alheio sem receio!
E pelos pés que me levam a andar, sem reclamar!

Obrigado Senhor!
Porque me posso movimentar.
Diante do meu corpo perfeito
Eu te quero rogar
Porque eu vejo na Terra
Aleijados, amputados, decepados, paralisados, que se não podem movimentar.

Eu oro por eles
Porque eu sei, que depois desta expiação
Na outra reencarnação
Eles também bailarão!

Obrigado por fim, pelo meu Lar.
É tão maravilhoso ter um lar!
Não é importante se este Lar é uma mansão, se é uma favela, uma tapera, um ninho, um grabato de dor, um bangalô, uma casa do caminho ou seja lá o que for.

Que dentro dele, exista a figura
do amor de mãe, ou de pai
De mulher ou de marido
De filho ou de irmão
A presença de um amigo
A companhia de um cão
Alguém que nos dê a mão!

Mas se eu a ninguém tiver para me amar
Nem um tecto para me agasalhar,
nem uma cama para me deitar
Nem aí reclamarei.
Pelo contrário, eu te direi

Obrigado Senhor!
Porque eu nasci!
Obrigado porque creio em ti

Pelo teu amor, obrigado senhor!

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